Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

INTERCAMBIANDO

Blog para falar de Arte, Sustentabilidade, Fazer Amigos pelo mundo, Falar do Cotidiano, Experiências , Sentimentos e Relacionamentos das pessoas comuns...

12.06.10

POMBINHOS E CIFRÕES : POR WALCYR CARRASCO


Bete do Intercambiando

 

 

 

Hoje é dia dos namorados aqui no Brasil, e quero aproveitar para publicar esta deliciosa crônica de Walcyr Carrasco, sobre o assunto. Prá quem acompanha o Blog, sabe o quanto amo Walcyr e tudo o que ele escreve. Coleciono as crônicas dele, bem antes dele ficar famoso com as novelas que escreveu para a Globo. Esta foi publicada na Revista "Veja", edição de 14 de Junho do ano 2000. 

 

O dia dos namorados costuma ser de felicidade para as mulheres e de absoluto terror para os homens. Até as mais liberadas sonham com um bom presente. Não que sejam interesseiras. Sendo franco, uma jóia costuma ser vista muito mais efetiva que um livro ou um CD. Quanto maior a jóia, maior o amor.

 

Tenho um amigo falido que namora uma milionária . Foram ao shopping na semana anterior ao 12 de junho, no ano passado. Diante de uma vitrine ela enterneceu-se por um par de brincos de safira. Entraram e ela experimentou. Depois com ar lânguido, abandonou a joalheria. Ele voltou sozinho, no dia seguinte e arrematou a joia no cartão de crédito. Ela chorou de emoção ao receber o mimo. Ele chorou ao receber a fatura. Ganhou duas camisas e uma gravata escolhidas com todo o carinho. Suspirou: - Teria sido melhor se ela tivesse pago a conta do dentista!

 

Ocorre que elas não costumam ser tão práticas. Adoram dar presentes delicados, como peças de roupas, perfumes, agendas transadas, sabonetinhos perfumados. As mais ecológicas contentam se em oferecer um pote de mel silvestre. Todas consideram de bom gosto preparar um jantar especial. Mas, são práticas na hora de ganhar o presente! Também adoram receber flores. Desde que dispostas em um arranjo enlouquecedor, que possam mostrar às amigas, mães, tias e outras criaturas passíveis de inveja! O dia dos namorados é uma chance para exibir o amor em todas as suas representações mais concretas. Os homens se queixam dos gastos, mas com um fundo de alegria. Vaidade masculina é demonstrar poder.

 

- Cheguei com uma gargantilha de ouro branco. Ela ficou louca! Fomos jantar. Pedi champanhe. Ela emudeceu! Entrei no cheque especial, mas ela ficou caidinha por mim!

 

Ou

 

- Comprei um perfume do contrabandista. A gente foi comer numa cantina. Ela se emocionou quando eu aceitei o couvert! Arrebentei o cheque especial, mas valeu a pena.

 

Ou ainda:

 

Dei uma bolsa de plástico imitando oncinha que minha irmã escolheu. Vou pagar em três vezes, mas tudo bem. Rachamos um frango à passarinho, dei um cheque sem fundos, mas O.K. Eu sei dar um trato na mina!

 

Restaurantes, lojas, shoppings, motéis tocam os tambores no dia dos namorados. Uma comerciante me revelou:

 

- Só existem 2 datas no ano. Dia das Mães e Dia dos Namorados.

 

- E dos Pais?

 

- Não é a mesma coisa.

 

Tentei perguntar sobre o dia da Sogra, mas ela me fusilou com o olhar. Coisas da vida. Toda sogra foi namorada algum dia!

 

Sofrem também os solitários. Aprendi a não me esquecer da data por causa de uma experiência tenebrosa. Estava trabalhando com um amigo, em casa. Ambos recém-separados.. Saímos para jantar. Uma fila enorme no restaurante italiano. Estranhei:

 

- Tanta gente num dia de semana?

 

O maître me encarou emburrado. Fomos colocados numa mesa de fundão. Acenávamos para os garçons, mas eles voavam sem se interessar por nós. A duras penas, conseguimos pedir uma massa, bem baratinha, para rachar. Mais mau humor. As outras pessoas estavam repletas de entradas, pratos fartos, sobremesas. Um garoto veio com botões de rosa para vender. Olhou para nós e deu meia volta às pressas. Um cantor, que se esbaldava de mesa em mesa, aproximou-se sorrindo. Quando nos viu, fechou a cara e fugiu. Tive um lampejo de percepção.

 

- Miguel, que dia é hoje?

 

- Ih! É dia dos Namorados!

Só então percebi que várias mesas olhavam para nós e cochichavam. Continuamos comendo, tentando parecer naturais. Nada é mais artificial que fingir naturalidade. Começávamos um assunto, morria em seguida. Olhávamos os casais. Cada um de nós espichava os olhos para as outras mesas. Bem que que queria estar namorando, sorrindo, fazendo planos, sentindo o coração bater mais forte. Haja dor-de-cotovelo!

 

Pior que reclamar do preço do presente é não ter para quem oferecer!

 

 

 

_

 ____________________________________________________________________________________________________________________

 

PARA VOCÊ NÃO PASSAR VEXAME NO DIA DOS NAMORADOS, APRENDA A GANHAR DINHEIRO

 

 

3 comentários

Comentar post