A fotografia e seu esvaziamento de sentido na Contemporaneidade
Inspirados em Rosangela Renó, artista plástica e fotógrafa brasileira, propusemos em nosso Projeto "Humanos em Construção" aplicado na escola Anna Maria, Americana/SP, uma exposição de fotografias impressas, algumas em branco e preto. Na abertura da exposição mencionamos a importância destes "novos velhos olhares" para o segmento impresso que está a desaparecer por completo, frente às novas demandas de nosso tempo.
Reproduzo aqui as palavras de Rosangela Renó, encontradas no livro de arte de 8º ano - "Mosaico" para que faça sentido para mais pessoas e se pense, se reflita realmente sobre o sentido de fotografar, a forma de armazenar, a forma de compartilhar, e no final deixar algumas perguntas:
Se suas fotos, que deveriam ocupar um lugar de destaque para você, em sua vida, não estão sendo armazenadas adequadamente e daqui a pouco serão descartadas, qual sentido terá para as outras pessoas?
Só para ganhar Likes?
Qal o sentido do "like", se daqui 5 minutos ninguém lembrará mais.
Porque o "like" ficou tão importante para as pessoas?
Será que não nos transformamos em uma sociedade de Narcisos que se afogará na própria imagem?
Bem, mas esta também já é outra história. Vamos ao exclente texto de Rosangela Renó:
"Atualmente percebo mudanças óbvias no comportamento do ser humano , que parece achar que é muito difícil se dedicar simplesmente a observar algo, sem um instrumento. Recentemente em uma festa, vi um grupo de quatro mulheres, que dançavam, cada uma com um smartphone. (...)
Hoje, tiram-se fotografias a fim de não voltar atrás e olhar para elas, as pessoas nem sequer fazem mais álbuns, elas armazenam as imagens apenas para perdê-las em mídias obsoletas. Nem sequer é necessário adotar critérios de armazenamento uma vez que a maior parte torna-se irrecuperável, devido à própria natureza do arquivo.
As perguntas tornam-se mais filosóficas, quanto mais rápido nós todos submergirmos em um mar de tecnologias, que se sobrepõem umas às outras, em uma espiral de imagens incompletas em circulação eterna. O tempo para desfrutar das coisas tornou-se muito reduzido, porque estamos todos com pressa. Há muito que fazer, para documentar, para se comunicar, para transmitir. Hoje, há uma febre documental muito evidente que parece colocar o foco no lugar errado: as experiências começam a ser documentadas não de modo que o sujeito envolvido nelas possa aprender, mas para que elas possam ser mostradas para o maior número de pessoas. O esvaziamento do significado da experiência vem com a ilusão de seu maior alcance."
Rosangela Renó em entrevista à Luisa Duarte. PEDROSA, A.; DUARTE,L. ABC, Arte Brasileira Contemporânea. São Paulo: Cosac Naif, 2013.
Nossa pequena exposição e proposta à reflexão no colégio Anna Maria
BIBLIOGRAFIA
Rosangela Renó em entrevista à Luisa Duarte. PEDROSA, A.; DUARTE, L.ABC, Arte Brasileira Contemporânea. São Paulo: Cosac Naif, 2013 apud em Projeto Mosaico: Arte: Ensino Fundamental/Beá Meira...[ et al.] - 1.ed. - São Paulo: Scipione, 2015.