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INTERCAMBIANDO

Blog para falar de Arte, Sustentabilidade, Fazer Amigos pelo mundo, Falar do Cotidiano, Experiências , Sentimentos e Relacionamentos das pessoas comuns...

11.04.20

Quarentena


gicapensando

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A ordem em tempos de Covid-19 é manter a distância social...ué...pera...de repente todo mundo se tornou sociável, cheio de amigos (de carne e osso e não virtuais), com vontade de viver intensa e livremente...é...só pq agora não pode?

Okay, não vamos colocar todo mundo no mesmo balaio, mas pára pra pensar em quantas vezes você deixou de fazer algo, seja por depressão ou preguiça. Eu mesma sofro desse mal...muito! Mas agora, de repente, todo mundo quer sair da toca...

Até meu marido, que não vai até a esquina sem carro, resolveu sair para caminhar hoje. Eu é que sempre arrasto todo mundo para ver o lago e caminhar um pouco, faça frio ou faça sol. Ver o lago é uma necessidade para mim, conhecer um parque diferente, uma praia, uma trilha...

Aqui no Canadá, onde moramos há quase dois anos, estamos chegando na primavera, o sol anda brilhando e a temperatura subindo, natural que após um inverno (que por aqui esse ano não foi rigoroso, nem chegamos a -20), as pessoas estejam ansiosas para saírem de casa e finalmente aproveitar o que nós aí no Brasil temos praticamente o ano inteiro. Talvez por isso que aqui seja tão especial a primavera e o verão, pois são oportunidades únicas para explorar esse país tão rico em paisagens.

Mas o que fazer em tempos em que temos que manter distanciamento social? Oras, vai fazer o que já fazia, ou seja, nada de interessante... (Estou tão positiva quanto Schopenhauer!)

O importante mesmo é não deixar a "peteca cair" como se diz lá no Brasil! Não tem receitas, não tem dicas milagrosas, o importante é transformar seu tempo vazio em produtivo e você sairá dessa mais feliz ou...menos triste... só depende mesmo de você.

Sabe aquele monte de livro que você compra e não lê? Opa...sinto uma oportunidade única nesse momento para você colocar essa leitura em dia. Se você não compra livros e não lê, meus pêsames! Okay, okay...tenho uma solução pra você também, hoje em dia podemos comprar livros virtuais, olha que maravilha... não precisa nem esperar chegar é baixar e começar a ler. Ou, não precisa nem comprar, tem dicas excelentes e de graça! São mais de mil títulos neste link

Caminhar com o doguinho vale? Vale. Mas não fique por aí querendo socializar com os outros doguinhos, no máximo um aceno de cabeça e siga seu caminho.

Sabe aquele projeto pessoal que você não tira do papel? Meu caro, tu não vai tirar agora do papel tb maaasss ...sempre tem um mas...você pode avaliá-lo melhor e traçar metas reais em direção a ele. Por falar em projeto, isso me lembra minha irmã mais velha, sua sina é finalizar trabalhos acadêmicos. Se joga, mana! Comece antes que as obrigações do dia a dia te consumam novamente. Posso contar essas coisa aqui, mãe?! Esse blog é da minha mãe tem que pedir permissão, né? É bom!

HOMENS, taí uma oportunidade para vocês finalmente consertarem aquele troço que estão prometendo há seis meses. Mulher geralmente é mais pró-ativa em casa.

Em nossa caminhada hoje, percebi um enorme volume de pessoas trabalhando em seus jardins e fazendo pequenos reparos em suas próprias casas. A cultura aqui é do faça você mesmo e acho isso sensacional! Então mãos à obra, seja pintando quadro ou até parede, mas faça você mesmo. Vale tudo: de artesanato a tricô... né mãe? Se eu precisasse daquela blusa de lã pra não passar frio...sem cobranças.

Acabando o distanciamento social, tudo voltará ao normal, ninguém mais vai querer sair de casa e nem vai sentir tanta necessidade assim de ir ao supermercado para comprar papel higiênico... Ainda estou tentando entender pq o desespero na busca desenfreada por esse item em especial. As pessoas imaginaram fazer mais merda do que já fazem? Posso falar merda aqui, manhê?

Bom, fato é que depois dessa quarentena, que podia ser apenas 15 dias (então pq o nome 40tena?), e que vai acabar sendo uma sessentena é que o mundo precisou parar e se nós não analisarmos tudo isso como uma forma de crescimento pessoal e espiritual não serviu para nada esse acontecimento. No mundo globalizado estamos todos interligados de alguma maneira, então, sejamos melhores uns para os outros.

Beijos de Luz

11.04.20

Soborô de Bacalhau


Bete do Intercambiando

Já publicamos aqui algumas receitas com sobras de ceias, e o que é, para nós brasileiros o Restodontê e o Soborô, uma brincadeira para não dizer que estamos cozinhando com sobras de ontem e com o que sobrou.

Esta fizemos hoje com as sobras do bacalhau e ficou muito gostosa. 

Poderia ser chamada de croquete, como são chamados a maioria dos bolinhos que "rolam" por aqui, mas, quando se fala em croquete a lembrança é daqueles de boteco (que aliás são ótimos) mas parece meio depreciativo...Então chame do que quiser. Eu chamei de Soborô de Bacalhau.

Você vai precisar de

Sobras de bacalhau desfiado. Mais ou menos 1/2 Kg

2 xícaras de grão de bico ou qualquer outro grão, cozido e escoado a água

1 ovo inteiro

1 colher de manteiga ou margarina

Azeitonas picadas

1 pimenta dedo de moça bem picada

5 colheres de farinha de trigo

Cheiro verde à vontade

Sal à gosto. (Eu não coloquei nenhum, pois o Bacalhau já tinha suficiente. Minha amiga Isabel que não me escute. Não fui uma boa aluna na dessalga do Bacalhau)

Não vai fermento.

Para empanar:

1 ovo inteiro

farinha de trigo

farinha de rosca (Eu usei aquela farinha Panko para empanar comida japonesa, que é excelente, não fosse o preço)

 

Modo de Fazer

Passe no processador os grãos com 1/2 da sobra do Bacalhau. Deixe a outra metade só desfiada para ter uma presença maior de bacalhau ao paladar.

Bata bem o ovo, acrescente nele o cheiro verde, as azeitonas, a pimenta. Junte ao bacalhau processado e o desfiado. Acrescente as 5 colheres de farinha de trigo. Se ficar mole coloque mais uma, mas não mais que isso para que o bolinho não endureça. Enrole, passe primeiro na farinha de trigo, depois no ovo e por último na farinha de rosca ou na Panko. Leve para assar por 25 minutos, ou até que esteja dourado. Pode fritar também que fica bem mais gostoso, mas eu prefiro assado para evitar a fritura.

Se não der para enrolar, porque a massa ficou meio mole, coloque-a para empanar às colheradas, que dá certo também. Não coloque mais farinha na massa porque endurece o bolinho.

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05.04.20

Ser feliz me consome muito! Clarice Lispector


Bete do Intercambiando

Estas são palavras de Clarice Lispector, escritora naturalizada brasileira, nascida na Ucrânia em 1920. A família veio para o Brasil, quando ela tinha apenas 2 meses, fugidos das perseguições aos judeus na Guerra Civil Russa (1918/1921).

Escrevi este post em 2011, mas achei-o tão apropriado para este momento de recolhimento que estamos vivendo, por conta do Corona Vírus, que resolvi reeditá-lo.

É uma coletânea impressionante de pensamentos dela que, este ano, em 10 de Dezembro será comemorado seu centenário.

"Todos os dias quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor".....

 

"Fique de vez em quando só, senão será submergido. Até o amor excessivo pode submergir uma pessoa".

 

"Que minha solidão me sirva de companhia

Que eu tenha a coragem de me enfrentar

Que eu saiba ficar com o nada...

E mesmo assim, me sinta como se estivesse plena de tudo."..

 

"Não tenho tempo prá mais nada...Ser feliz me consome muito!"

 

"As pessoas mais felizes, não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidade que aparecem em seus caminhos".

 

"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer, dentro de nós".

 

"Até cortar os defeitos, pode ser perigoso!...Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro".

 

Há muito que não leio Clarice. Preciso voltar a lê-la com muita atenção, porque hoje mais do que nunca, apesar de todos os problemas, sinto-me assim: Feliz, plena, e a felicidade me consome muito, também não tenho tempo prá mais nada.

Aos que quiserem saber mais sobre ela cliquem aqui 

A Tv Cultura lançou em Dezembro de 2019 um vídeo com entrevista com Clarice e sua bibliografia. Veja aí

 

 

E, além de tudo era linda e elegante!

 

 

 

 

04.04.20

Ouvidos Musicais


gicapensando

Estou lendo um livro do Goleman no qual ele, em seu estudo sobre inteligência social, a todo instante se refere às pesquisas atuais sobre os avanços tecnológicos e não mais apenas nas observações e suposições como se fazia antigamente. Um dos recursos mais utilizados hoje em dia é a tal da ressonância magnética e é aqui que começa a minha história. Sobre o livro do Daniel Goleman farei outro post.

Em 2011 tive a infelicidade de aos 31 anos descobrir que tenho um problema degenerativo. Em decorrência desse "probleminha" eu precisei fazer inúmeros exames, fisioterapia, consultas periódicas e muitas, muitas ressonâncias magnéticas.

Em 2015 passei 10 dias internada sem conseguir andar sentindo muitas dores e completamente dopada pelos remédios fortíssimos para dor, foi quando me enfiaram em uma dessas máquinas pela centésima vez... Até aí nenhuma novidade. O enfermeiro, muito gentil, disse:

- Vamos te colocar aqui deitadinha por 15 minutos, por favor, não se mexa mas se você se sentir mal aperte essa campainha que vou colocar na tua mão. - um fofo falando "deitadinha"!

- Conheço o procedimento, meu jovem, vamos acabar logo com isso. - porque o meu humor não estava lá grande coisa.

Eu realmente estava acostumada àquilo e sempre me dava uma certa falta de ar entrar naquele cilindro claustrofóbico, com um suporte duro que me abraçava toda a coluna e um tipo de capacete que era para deixar as vértebras alinhadas ou o mais alinhadas possível.

O exame começou e de repente percebi que o barulho da máquina tinha ritmo e eu que, não toco nada mas me considero um ser musical, passei a prestar atenção naquelas batidas as vezes um pouco fora de compasso, mas no fundo, nem que por uma fração de segundo, havia ritmo. Pensei:

- Que música? Que música? - e isso foi me aborrecendo porque odeio...espera...O-D-E-I-O não lembrar das coisas e os meus pensamentos estavam prejudicados pela quantidade de remédio para dor.

Quando de repente me vem na velocidade da luz a bendita música: Last Nite da banda novaiorquina The Strokes, ano 2001. Devo dizer-lhes que minhas memórias de vida estão intrinsecamente ligadas às musicas.

Comecei a rir por ter conseguido associar uma música àquele som metalizado da máquina de ressonância, dopada e "viajando", pra lá de Bagdá é o que dizem? Eu não podia me mexer e esse fato me fazia rir mais - a música, dopada, viajando - não toquei a campainha porque não era o caso, eu não estava passando mal, no entanto só escuto o médico dizendo:

- Ela tá tendo convulsão, ela tá tendo convulsão!!

E a correria se instaurou para dentro da sala de exame. Me tiraram do cilindro e eu saio "linda" com cara satisfeita de ter terminado o exame e ainda feito uma belíssima associação musical tornando aqueles 15 minutos toleráveis. Todos estavam assustados e eu continuei rindo.

- Achamos que a senhora estava tendo uma convulsão. - disse o enfermeiro - Teremos que começar o exame novamente, por favor, não se mexa.

E lá fui eu novamente ouvir Last Nite. Ouça os primeiros 25 segundos da música e tenha ideia do barulho da máquina de ressonância magnética:

 

Quem já fez esse exame conhece o barulho mas talvez nunca tenha feito essa associação, mas agora, caro leitor, seus exames nunca mais serão os mesmos.

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