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INTERCAMBIANDO

Blog para falar de Arte, Sustentabilidade, Fazer Amigos pelo mundo, Falar do Cotidiano, Experiências , Sentimentos e Relacionamentos das pessoas comuns...

21.04.21

ARTE MODERNA: DO ILUMINISMO AOS MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS - RESUMO - Parte 4


Bete do Intercambiando

Preparamos este resumo do Livro de Giulio Argan - Companhia das Letras - 2010, por tratar-se de matéria recorrente aos concursos dos professores de Arte. Aqui você encontra a parte 1, aqui a parte 2, e aqui a parte 3

A Pintura no Modernismo

"Na passagem do sec. XIX para o XX discute-se muito a figura psicológica, social, profissional do artista, indício seguro da crise de sua função concreta na sociedade". pag. 208

A sociedade moderna que se vangloria de ser avançada, quer artistas avançados, mas que não levante problemas. Governos, municípios, bancos, tornam-se os mecenas, encomendam grandes decorações em "estilo moderno", para seus edifícios. Vemos surgir aqui, portanto, as artes decorativas onde se encaixa Klimt

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Obra Judith - Gustav Klimt - 1901

BEARDESLEY

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Salomé - Aubrey Beardesley- 1893

JAN TOOROP

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Fatality- Jan Toorop- 1893

FRANS VON STUCK

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The Dancers_ Frans Von Stuck_1896

Inicia-se, também, as grandes coleções, onde os burgueses se deixavam levar pelos interesses do mercado, inspirados pelos Estados Unidos que não tinham tantos preconceitos elitistas como os Europeus, e, portanto, faziam investimentos em obras de arte, com intuito de valorização futura. Vemos nascer aqui, a figura do Marchand, como o francês Volard, onde a burguesia se deixava levar pelos intermediários desse mercado.

"Os artistas preferidos pelo público têm seu tipo psicológico, como personagens que representam um papel: assumem o de iniciados, gênios inspirados e rebeldes, mas geralmente estão prontos a fazer todas as concessões". pag. 208

Dentro desse perfil destaca-se na França, Rodin - considerado o Michelangelo da "Belle Epoque" e Boldini, o retratista mundano, brilhante, superficial. Na Itália, "Previatti", que assume ares de teórico, de combatente em todas as batalhas progressistas.

Tem, também no Futurismo, Boccioni, Russolo, Carlo Carrá e Aroldo Bonzagni. Na Alemanha Böcklin (alma romântica) e Von Stuck (alma alegre e jovial).

Na Espanha vemos surgir Pablo Picasso que veio a tornar-se um dos maiores artistas do século XX. o autor diz que nunca houve uma cultura figurativa verdadeiramente européia como nas primeiras décadas do século XX.

"O artista-personagem tem uma razão própria de ser: ele encarna a vocação artística que a rica burguesia industrial tem a certeza de possuir, mas ao mesmo tempo de precisar, a contragosto, sacrificar ao imperativo categórico dos negócios!" (pag. 208).

Seria como se a burguesia estivesse delegando aos artistas uma capacidade que eles acreditavam ser deles próprios, mas que não possuíam "tempo" para dedicar-se.

Argan atribui a Klimt (1862-1918) a sensibilidade de transmitir a real situação daquela sociedade que, embora extremamente produtiva no quesito artístico, era também uma sociedade que via morrer o seu lirismo para dar lugar a uma sociedade tecnicista. Segundo ele a obra de Klimt toca nesse ponto nevrálgico de uma situação bem mais ampla européia "a arte como produto de uma civilização agora extinta, e na nova civilização industrial não pode sobreviver senão como sombra ou lembrança de si mesma" (pag. 213).

Cita também Edvard Munch e James Ensor que, ao adentrarem na linguagem impressionista, conseguem aprofundá-la e virem a ser uma grande fonte do Expressionismo Alemão.

O autor vê em Ensor uma crítica severa à sociedade a que pertencia e o classifica como "barroco moderno" sendo a "face escura e sombria da pintura confiante e glorificadora do Modernismo" (pag. 214). Ao analisarmos sua obra "A queda dos anjos rebeldes" (1888), entendemos porque Argan e Mondrian assim o classificam.

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"A queda dos anjos rebeldes" - James Ensor (1888)

Alguns artistas deste período, continuam "anulando a distinção entre pintura como representação e pintura decorativa:

"O valor não seria a realidade representada no quadro (objetiva e subjetiva, visual ou imaginária) e, sim o próprio quadro como objeto fabricado e que, portanto, vale pelo que é e não por aquilo com que se parece. Esta será a premissa de que partirão os Fauves e os Cubistas em suas pesquisas sobre a constituição e estrutura intrinseca do quadro". (pag. 216)

A Arte como Expressão

"Literalmente, Expressão é o contrário de Impressão. A impressão é um movimento do exterior para o interior: é a realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). A expressão é um movimento inverso, do interior para o exterior: é o sujeito que por si só imprime o objeto" (pag. 227)

AQUI A PARTE 5 

 

Bibliografia:

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

 

 

20.04.21

ARTE MODERNA: DO ILUMINISMO AOS MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS - RESUMO - Parte 3


Bete do Intercambiando

Preparamos este resumo do Livro de Giulio Argan - Companhia das Letras - 2010, por tratar-se de matéria recorrente aos concursos dos professores de Arte. Aqui, você encontra a parte 1. E aqui, você encontra a parte 2.

URBANISMO

Com o início do sec. XX o autor coloca o "Urbanismo", disciplina que estuda a cidade e seu desenvolvimento, como fator preponderante nas mudanças sociais e políticas, que, aliás, já vinham ocorrendo desde meados do sec. XIX.

 "Ela nasceu da necessidade de enfrentar, metodicamente, os graves problemas determinados pela modificação do fenômeno urbano, devido à Revolução Industrial, e pela consequente transformação da estrutura social, da economia e do modo de vida" (pag. 185)

Embora os interesses dos urbanistas que, ideologicamente tinham uma tendência reformadora, não confluiam aos interesses políticos que eram conservadores e elitistas, muita coisa foi feita, principalmente em Paris, como é o caso do plano de reforma do barão Haussmann, administrador de Napoleão III, que construiu um cinturão viário que melhorou o fluxo do trânsito, embora às custas da demolição de vários bairros populares. Essa medida facilitaria, também, às tropas de repressão aos movimentos operários. Aos proprietários de imóveis facilitaria a especulação dos terrenos. Portanto, uma medida que favorecia muito mais as elites que as classes operárias.

Pelos projetos urbanísticos propostos por alguns engenheiros e arquitetos da época, observa-se o florescer de uma ideologia socialista, como nos projetos do inglês Owen e do francês Fourier, que propunham a construção de unidades residenciais para habitação operária, com gestão cooperativa.

"O contraste é então nítido: por parte do poder desejava-se que a cidade, com seus "monumentos" modernos (sempre de péssima arquitetura) e suas perspectivas espetaculares, fossem a imagem da autoridade do Estado. Por parte dos urbanistas, pretendia-se transformar a cidade nova (respeitando na cidade antiga o documento histórico), no ambiente vital da sociedade, uma sociedade integral e orgânica, onde a classe operária fosse considerada não mais como instrumento mecânico da produção e sim como parte da comunidade". (pag. 186).

O autor cita a Holanda como país com o urbanismo mais avançado e democrático do mundo, graças à obra do grande arquiteto Hendrick Petrus Berlage e seus sucessores, e, como tendo sido o primeiro país onde o problema da casa na sociedade industrial foi colocado no plano político, com a lei Woninguet, aprovada pelo parlamento em 1901 e que a manteve até a data da publicação do livro (1992 - vale pesquisar se ainda continua a mesma lei).

O "Art Nouveau"

O autor cita o art nouveau como uma expressão típica do espírito modernista.

"Do ponto de vista sociológico era um fenômeno novo, imponente, complexo, que deveria satisfazer o que se acreditava ser a "necessidade de arte da comunidade inteira"... Pelo modo como se propagou foi uma verdadeira MODA, no sentido e com toda a importância que a moda assume numa sociedade industrial, inclusive em termos econômicos, como fator de obsolescência e substituição dos produtos" (pag. 199)

Atribui a ela algumas características constantes:

1. A temática naturalista (flores e animais)

2. A utilização de motivos icônicos e estilísticos e até tipológicos, derivados da arte japonesa.

3. A morfologia: arabescos lineares e cromáticos> preferência pelos ritmos baseados nas curvas e suas variantes (espirais, volutas, etc..) e na cor, pelos tons frios, pálidos, transparentes, assonantes, formados por zonas planas ou eivadas, irisadas, esfumadas.

4. A recusa da proporção, do equilíbrio simétrico, e a busca por ritmos musicais, com acentuados desenvolvimentos na altura ou largura e andamentos realmente ondulados e sinuosos.

5.O propósito evidente e constante de comunicar por empatia um sentido de agilidade, elasticidade, levez, juventude e otimismo.

A difusãodos traços estilísticos essenciais ao art noveau se dá por meio de revistas de arte e moda, pelo comércio e seu aparato publicitário, das exposições mundiais e espetáculos. (pag. 202).

O homem começa a questionar a "funcionalidade e utilidade da arte" e encontra no art noveau a união do útil e do belo. Este estilo expandiu suas raízes na arquitetura:

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Arquitetura Art Nouveau da cidade de Riga - Letônia - direito da imagem depositphotos

Na decoração, como móveis, vasos, escadas, ferragens, vidraçarias 

art nouveau_decoração2.jpg

Foto do restaurant de l’hôtel Langham por Yvette Gauthier em flickr

E propiciava unir também a tecnologia e o trabalho do artista, pois a indústria nem sempre estava preparada para atingir aquele grau de espeificidade e necessitava do artista e seu "genio criativo". Mas, nem por isso tornou-se uma arte popular, ao contrário, uma arte de elite, sendo ofertado ao povo seus subprodutos.

Argan atribui o paulatino desaparecimento do art nouveau à "agudização dos conflitos sociais que levam à 1ª Guerra Mundial, desmentindo com os fatos o equívoco utopismo social que lhe servia de base" (pag. 204).

Aqui você encontra a parte 4

 

Bibliografia:

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

 

 

 

 

14.04.21

Quem disse que a Arte Contemporânea é ruim?


Bete do Intercambiando

Post publicado originalmente em 2014 e que resolvemos editar para colocar em pauta outros aspectos.

Muitas pessoas têm dificuldade de entender algumas obras da arte contemporânea, que julgam ser de péssima qualidade estética e conceitos duvidosos e, muitas vezes ganham lugar de destaque em galerias de arte de gabarito e museus famosos. 

A estas pessoas, um vídeo de um especialista Robert Florczack da Praga University, pode lavar sua alma!

 

 
Contudo, nem tudo na arte contemporânea pode ser assim julgada. Temos artistas excelentes como Nadir Afonso  (1920-2013) -  Portugal 

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Obra Apolo, 2007, pertencente ao seu período de Realismo Geométrico.

Oleg Zhivetin (1964) - Tashkent (capital do Uzbequistão)

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Cai Guo Qiang (Quanzhou, China , 1957) que trabalha com pólvora em suas produções

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Vik Muniz (São Paulo/Brasil 1961) que trabalha com temas e materiais diversificados, entre eles o lixo

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Vik Muniz abertura da Novela Passione (2010)- obra criada com materiais recicláveis diversos e que envolveu um trabalho social igualmente importante, na ocasião,

Entre tantos outros, cito estes 4 artistas que precisaram, além de desenvolver uma técnica, buscar o novo, o inesperado, pois aos artistas contemporâneos já não basta apenas pintar ou esculpir, ou tocar uma música. Deles é exigido uma genialidade que atenda às mudanças de nosso tempo. Talvez nenhum deles permaneça no imaginário coletivo como os mestres do Renascimento ou do Impressionismo, mas a eles devemos nosso respeito e admiração por criarem com tanta genialidade e, na maioria das vezes, aliando suas obras à temáticas controversas e de cunho social, como no caso de Vik Muniz e muitas de suas obras que deflagram problemas sociais, como "Crianças de Açúcar"(abaixo), onde ele denuncia o trabalho escravo infantil na colheita da Cana de Açúcar pelas crianças Caribenhas.

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