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A inflação que vinha há mais de 20 anos sob controle, disparou. Aquele churrasquinho amigo, que é uma das maneiras que o brasileiro tem de celebrar a vida, está restrito às camadas mais nobres porque o preço da carne dobrou. A miséria bate à porta daqueles que engrossam a fila de pedintes na rua, numa quantidade nunca vista antes. A violência disparou porque foi aprovado uma lei que autoriza a cada cidadão interessado, possuir 60 armas de fogo... E quem precisa de 60 armas de fogo?... Ou seja, este arsenal foi parar nas mãos dos bandidos!
Leis importantíssimas como a Lei 12305/2010 que regulamenta o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos, ficam engavetadas por anos (esta ficou por 12 anos), enquanto aprovou-se na calada da noite um fundo eleitoral de 5 bilhões de reais para sustentar os partidos políticos em suas campanhas.
Entre outras desgraças vemos o nosso meio ambiente sendo degradado dia-a-dia pela ganância dos extrativistas com apoio deste governo que ameaça diminuir as reservas indígenas, que são os grandes protetores de nossas florestas.
Para não continuar enumerando nossa decadência como nação nos últimos anos e nossa vergonha em sermos tão mal representados, somos obrigados a deglutir goela abaixo, fakenews enviadas por seus simpatizantes, que, na maioria das vezes são nossos amigos mal informados. Bem intencionados, mas mal informados.
Vamos nos calando para não perder a amizade!
Mas quem consegue dormir enquanto não desabafar?...
Por favor Bolsonaristas, parem de incomodar as pessoas!
No Carnaval fora de época que tivemos esse fim de semana, Bolsonaro vira Jacaré, numa alusão a uma fala sua contra a vacinação.
As palavras "muriçoca e voçoroca" são, ambas, de origem tupi e comumente usadas pelos brasileiros para expressar "pernilongo" e "buraco grande", embora, em sua origem tupi a voçoroca seja "terra rasgada", o que realmente ela é, pois as águas pluviais veem rasgando a terra até formar uma cratera.
Mas, não vou entrar aqui nos meandros etimológicos, nem nos pormenores geológicos porque provavelmente teremos um próximo post sobre o assunto, escritos por dois professores de língua portuguesa, uma professora de biologia e um professor de geografia. O assunto é tão extenso que abarca várias áreas do conhecimento, entre elas, também engenharia ambiental.
Verdade é que o assunto da voçoroca veio à baila esta semana através de nossos professores de meio ambiente holístico da Universidade Federal de São João del Rei - MG, e mexeu muito com nossas já grandes preocupações ecológicas e resolvemos colocar o assunto em discussão com nossos alunos em nossas aulas de Projeto de Vida.
Mas, o que tem a ver a Voçoroca com Projeto de Vida?... Tudo, porque as Voçorocas estão ligadas ao nosso passado de mau uso do solo (explorações de metais, erosões, defensivos agrícolas), ao nosso presente, pois existem em alguns lugares do Brasil loteamentos à beira de voçorocas, que poderão causar danos irreparáveis às famílias de seu entorno, e ao nosso futuro, pela necessidade de semearmos novas culturas regenerativas para nosso solo e nosso planeta... Então, que local melhor para esse plantio, do que aos nossos jovens?
Para completar pedimos a eles que pensassem em formas para resolver o problema, para que se acostumem, desde já, com a prática de buscar soluções para questões ecológicas. Nossos jovens vivem um "entorpecimento" provocado pelo uso excessivo do celular e exposição exagerada a jogos digitais, e está mais que na hora de começarem a voltar seus pensamentos pelas questões sociais e ambientais, e as aulas de Projeto de Vida nos propiciam adentrar em vários territórios, para que aprendam, na prática, todas as teorias a que são expostos, diariamente.
No final, um aluno me perguntou em tom de brincadeira se tinha muriçoca na voçoroca, e rimos todos pelo trocadilho. Como tinham um par de "baquetas" nas mãos e estavam loucos para usá-la desde a hora que eu havia entrado na sala, estimulei-os a fazer um sambinha com o tema... Afinal somos brasileiros e não conseguimos viver a vida sem ser intensa e poeticamente.
Voçoroca - Crédito da Imagem - Embrapa - Nesse post você encontra detalhes geológicos detalhados sobre o assunto.
Voltando de minha visita à Associação dos catadores de lixo, ao passar pelo centro da cidade, em um semáforo, um homem vendia abacates. Nossa cidade, de alguns anos para cá foi invadida por ambulantes que, numa tentativa de levar comida prá casa, nos oferecem de tudo nos semáforos. Muitas vezes não oferecem nada, só pedem.
Era R$ 5,00 por 3 abacates. Dei-lhe os 5, mas peguei apenas 1 abacate para que ele pudesse vender os outros. Mas ele não se conteve e disse: - Dona não temos mais nada prá comer na nossa casa. Como não costumo andar com dinheiro, só tinha mais R$ 4,00 e lhe dei, também, e fui embora, triste, pelo nosso povo que sofre, que luta. Desesperançados... E me lembrei novamente dos 5 bilhões para as campanhas políticas que só alimentarão ainda mais as desigualdades.
...Desesperançada estou eu também com nossa política... Se quisermos mudar algo, vamos ter que ser agentes dessa mudança que queremos.
Imagem retirada do documentário "Guerras do Brasil" documentário disponível no Netflix. Gostei muito dessa imagem pois ela retrata os sentimentos daqueles que ainda se sentem em guerra. O documentário diz que as guerras no Brasil, ainda não acabaram. Embora, aparentemente tenhamos paz no Brasil, na verdade, existem muitas guerras silenciosas que precisam ser lutadas. Nosso povo, infelizmente, não vê isso.
Despedi-me de dona Margarida e subi a ladeira para apanhar o carro que havia deixado lá perto da casa dos desconfiados, a quem eu também havia mostrado o meu trabalho. Eles haviam contado para dona Cida que puxou conversa comigo.
- Eu também trabalho ali no lixão!
- Ah, que legal, respondi e fui parando para falar com ela, também. Nisso chegou Flávio, que chamam de baiano, um dos homens com quem eu havia conversado e foi dizendo para dona Cida:
- Ela faz uns trabalhos bonito. E quer vir aqui fazer um trabalho com a gente. E se dirigindo a mim: - Mostra prá ela.
Dona Cida ficou empolgada com a possibilidade de podermos desenvolver nosso trabalho ali na comunidade e foi logo mostrando um Centro Comunitário, onde, segundo ela, ocorrem frequentemente cursos para as crianças do bairro.
Nos falamos um pouco e ao nos despedirmos me pediu o nome do perfume que eu estava usando que, segundo ela, tinha cheiro de mulher rica kkkkk. Mal sabe ela...
Havia apenas tomado banho e usado este óleo corporal para proteger a pele.
Depois de conversar no portão, por alguns minutos com Dona Margarida sobre suas condições de trabalho, onde ela me relatou que na hora do lanche a cooperativa só oferece o café, e não mais o pãozinho com o café, por conta do aumento que houve no custo do mesmo, eu lhe contei que também trabalho com o lixo, mas de outra forma. Que eu fazia arte com o lixo, e que isso mudou minha vida. Disse-lhe que queria mostrar meu trabalho a ela, pois gostaria de fazer esse trabalho junto aos trabalhadores da cooperativa para oferecer um outro olhar para o lixo.
Agora já um pouco mais confiante em minha pessoa ela me convidou a entrar e eu lhe mostrei dois trabalhos onde utilizei lixo doméstico para realizar. Ela ficou admirada e me perguntou se funcionava (eram duas luminárias feitas com papéis de descarte e embalagem de cândida) e ela quis ligar na tomada para ver.
- Que bonito, mas eu não aprendo nada não! Meu pai mandou eu e meus irmãos pra escola quando éramos crianças, mas eu não aprendi nada não...
- Mas a senhora gosta de coisas que enfeitam sua casa. Estou vendo aquele objeto ali na parede. É bem interessante.
- Ah, eu trouxe lá do lixão.
...E percebi que ali, além daquele enfeite na parede, tinha outros objetos espalhados (bibelôs) que persistiam em não voltar mais para o lixão. E lembrei- me de Fayga.
Embora ela nada tenha criado, como no texto de Fayga, mas teve o cuidado de não deixar ir embora coisas que de alguma forma a tinham encantado, e que de alguma forma agora lhe servia de adorno para sua casa. De alguma forma conecta-a com outra realidade que não é aquela de seu árduo trabalho.
Pensei também no que nos diz Mihaly Csikszentmihalyi em seu livro "Flow" - A Psicologia do alto desempenho e da Felicidade:
"Uma pessoa tem que aprender a fornecer recompensas para ela mesma. Ela tem que desenvolver a capacidade de encontrar prazer e propósito independentemente das circunstâncias externas. Sem prazer, a vida pode ser suportada e pode até ser agradável. Mas pode ser tão precária, dependendo da sorte e da cooperação do ambiente externo. Para ganhar controle pessoal sobre a qualidade da experiência, no entanto, é preciso aprender a construir o prazer dia após dia".
A peça que levei para mostrar para dona Margarida.