O Gabinete do Ódio e a Educação no Brasil
Nestes últimos 4 anos vimos florescer no Brasil um fenômeno que não pensávamos fosse possível entre os brasileiros: o crescimento do ódio estimulado pelos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, chamado, aqui no Brasil de "Gabineto do Ódio".
O brasileiro, sempre tido como um povo pacífico, alegre, cheio de piadas prá contar, educados, de repente passou a agredir gratuitamente. As mídias estão cheias de exemplos e não é necessário repetir nenhum deles aqui. Ficamos todos chocados com os atos agressivos cometidos até mesmo com quem sempre foi tão querido, que o diga Gilberto Gil na copa do Qatar.
Mas, para quem esteve em salas de aulas, antes e depois desse movimento, pôde perceber que alguma coisa aconteceu também com nossos alunos.
Eles, que sempre nos deram um trabalhinho para colocar as classes à postos para as aulas, mas sempre foram extremamente respeitosos, de repente, percebeu-se que alguns alunos estavam passando dos limites, com palavreados chulos e ofensivos aos professores... E o número aumentava à medida que o ano se transcorria. Ficamos a nos perguntar de onde viriam essas atitudes, essa agressividade, essa falta de respeito e educação.
Quando dos resultados das eleições, em assunto da disciplina de Projeto de Vida, que propunha falar sobre as escolhas, e o resultado das eleições veio à baila, viu-se um extremismo e ódio em alguns deles, que chegamos a ficar assustados, pois não mencionamos qualquer preferência nossa, ao contrário, falávamos unicamente da importância de nossas escolhas para a vida. Em, resumo, a aula finalizou com os alunos gesticulando o número 22 (número do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro) e fazendo gestos de revólver e metralhadoras com as mãos. Como ficamos estarrecidos com o caso, conversamos com os demais professores da escola que, disseram já ter percebido essa "exaltação ao extremismo e às armas".
E, hoje, de férias, caminhando pelo parque, veio-me essa lembrança e passamos a cogitar até onde chegou esse ódio que invadiu o Brasil, até onde houve essa influência do "gabinete do ódio" na formação da personalidade de nossos alunos, e, o mais preocupante: se é uma onda passageira, ou veio para ficar... É muito triste ver esses jovens perderem a docilidade, a inocência, a educação, o respeito... E o pior de tudo isso é que alguns professores (felizmente, uma minoria) são adeptos do movimento e "passam a mão na cabeça".
É muito triste ver nosso povo transformado em massa de manobra, uma vez que estes alunos, são filhos de famílias que só perderam nesse governo passado... E a perda maior, além dessa civilizatória, foi na mesa do brasileiro que já não consegue mais colocar a carne com a mesma frequência, nem levar o leite prá casa... e até o bom arroz e feijão teve seu preço disparado. Dizem que a inflação desse ano foi de 5,79%, mas quem faz suas compras no supermercado sabe que, para a alimentação, esse é um número irreal. Os aumentos nos itens básicos foram assustadores... Mas esta também já é uma outra história. Vamos deixar essa discussão para os economistas.
Foto encontrada no site da APEOEC, sindicato do Ceará, que disponibilizou-se a receber denúncias de casos de violências nas escolas de lá.