Upcycling e Educação - Fluxos Culturais - Arte e Vida
Esse trabalho que ora apresentamos é uma continuidade do que vimos fazendo desde 2018, utilizando o lixo como matéria prima nos processos criativos de nossos alunos (Upcycling), e, objeto de nosso mestrado na Universidade Federal de São João del Rei, no Programa Interdepartamental de Pós Graduação em Artes Urbanidades e Sustentabilidade (PIPAUS). Essa edição foi aplicada aos alunos da 1ª série A e B do Ensino Médio da Escola Silvino José de Oliveira, da cidade de Americana/SP, a quem agradecemos imensamente pelas habilidades e comprometimento com o projeto.
Caso haja interesse pela temática deixaremos no final da postagem os links dos trabalhos anteriores.
Esta exposição, que reputamos como a "maturidade" desse projeto só foi possível graças a parceria com a professora Vânia Emerich Magalhães Soares, professora de língua portuguesa; do grupo gestor que apoiou em todas as etapas, principalmente à senhora diretora Profª. Márcia Forato que nos concedeu um espaço de trabalho, sem o qual jamais teríamos atingido esse nível estético (embora saibamos que ainda existe um longo caminho pela frente, mas sem esse espaço não teríamos chegado até aqui, com toda certeza); e da ajuda inestimável de Erlane e Zildinha a quem, muitas vezes tínhamos que atrapalhar seus trabalhos e elas muito gentilmente nos apoiavam, igualmente.
A temática do Upcycling em Arte e Educação é uma lacuna nos estudos tanto nacionais como internacionais, o que justifica nossas pesquisas (Merhy-Silva; Pazeto & Miranda, 2024). O projeto contempla as ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU) de nº 3 (Saúde bem Estar), de nº 4 ( Educação de Qualidade), e de nº11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis). Está alinhado, ainda, aos princípios nº I, III, IV, V, VII, VIII, IX, mencionados no artigo 6º da Política Nacional dos Resíduos Sólidos brasileira nº 12305 (2010), aprovada em 14/04/2022).
O início da exposição foi marcada por cartazes sobre o período barroco, que foi o mais trabalhado tanto na disciplina de arte, como de Língua Portuguesa, que era a interdisciplinaridade da eletiva.
Essa trajetória contempla os movimentos sociais, literários e artísticos de alguns períodos de nossa história, onde o poder político e econômico teve suas influências naquelas sociedades, e em seus cotidianos, indo e vindo em suas alternâncias e causando seus impactos. É uma licença poética transformada em esculturas, oriundas, como já dissemos, de resíduos domésticos, como embalagens, papéis descartados, filtros de café usados, colas e tintas.
Nossa jornada inicia com Dante, assustado, chegando à porta do inferno, episódio relatado em sua Divina Comédia, nos anos 1304, e ilustrada, bem mais tarde (1868) por Gustave Doré, imagem que nos inspiramos.
Fizemos uma parada maior no movimento Barroco, onde a arte sacra e também a profana marcaram toda sua ludicidade e dramaticidade, como bem cabe a esse movimento que busca na religião e nas mitologias sua forma de expressão, nos encantando até os dias atuais.
Chegamos ao romantismo, e em 1808 Goya pinta “O Gigante” e, Argan (2020), coloca uma dubiedade nessa interpretação que, tanto poderia ser um Gigante, ou o homem que estava se libertando do Teocentrismo e, que só podia contar consigo mesmo, numa imensa solidão.
Passamos pelo sec. XIX, onde aqueles que radicalizavam pelos ideais das revoluções pagaram com a própria vida (Morte de Marat, Jacques Louis Davi)
Como havíamos trabalhado algumas mitologias, trouxemos a mesma temática (A queda de Ícaro), marcada por dois momentos: inspirado na obra de Rebecca Matte Bello, anos 1900, sendo uma das primeiras mulheres a terem uma escultura em obras públicas, e, na obra de Martín Villegas Alzate ( 1990), representando a obra numa versão contemporânea.
E, finalmente chegamos a contemporaneidade, onde o homem se perde, a cada dia, em meio ao que plantou, se atola no lixo que acumulou...
Quem poderá nos salvar?...
Aqui fizemos outra licença poética, com a obra A Dança de Henry Matisse (1909).
Quem poderá nos salvar, senão nós mesmos, os sem rosto, os sem cor, os sem gênero, enfim, todos nós numa dança com passos e ritmos diferentes, mas em união para os mesmos objetivos.
E, finalizamos a exposição com um poema rimado da aluna da 1ª série A do Ensino Médio, Anahí Gimenez Lisboa. E como iniciaram-se os trabalhos desse projeto. Uma ideia, um pedaço de arame e muito, muito papel usado, muitas embalagens, muitos filtros de café usados, muita cola, e um pouquinho de tinta.
Foi assim que tudo teve início
Esse foi o começo
Tudo parece fictício
Mas, nesse trabalho, desconheço
O Barroco admiramos
Onde há drama maior
Ele é lindo, convenhamos
Contemplem essa beleza maior
O Romantismo também está presente
Nos causando grandes emoções
Aprecie delicadamente
Tão belo e sem excessões
Foi esbelta a trajetória
Porém um longo caminho
Muito amor e história
Com imaginação até parece um filminho
Nossos agradecimentos a Samara Dantas pelas fotos.
Caso se interesse pelo nosso trabalho com o upcycling na educação e na arte, veja as demais postagens abaixo:
Upcycling para Construir Poéticas e Saberes/2018 - https://betedeartes.blogspot.com/2019/04/melhores-trabalhos-2018.html
Humanos em Construção, Arte, Vida e Sustentabilidade - 2019
https://intercambiando.blogs.sapo.pt/humanos-em-construcao-arte-vida-e-99651
Humanos em Construção - Santos - 2019
https://intercambiando.blogs.sapo.pt/humanos-em-construcao-santossp-100337
Upcycling para Construir Poéticas e Saberes - ano 2021
https://betedeartes.blogspot.com/2022/01/upcycling-para-construir-poeticas-e.html
Upcycling o lixo como Potência Criativa - ano 2022
https://intercambiando.blogs.sapo.pt/upcycling-o-lixo-como-potencia-114979
Cantando e Dançando na Chuva - Ano de 2023
https://intercambiando.blogs.sapo.pt/cantando-e-dancando-na-chuva-118162