ARTE MODERNA: DO ILUMINISMO AOS MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS - RESUMO - Parte 4
Preparamos este resumo do Livro de Giulio Argan - Companhia das Letras - 2010, por tratar-se de matéria recorrente aos concursos dos professores de Arte. Aqui você encontra a parte 1, aqui a parte 2, e aqui a parte 3
A Pintura no Modernismo
"Na passagem do sec. XIX para o XX discute-se muito a figura psicológica, social, profissional do artista, indício seguro da crise de sua função concreta na sociedade". pag. 208
A sociedade moderna que se vangloria de ser avançada, quer artistas avançados, mas que não levante problemas. Governos, municípios, bancos, tornam-se os mecenas, encomendam grandes decorações em "estilo moderno", para seus edifícios. Vemos surgir aqui, portanto, as artes decorativas onde se encaixa Klimt
Obra Judith - Gustav Klimt - 1901
BEARDESLEY
Salomé - Aubrey Beardesley- 1893
JAN TOOROP
Fatality- Jan Toorop- 1893
FRANS VON STUCK
The Dancers_ Frans Von Stuck_1896
Inicia-se, também, as grandes coleções, onde os burgueses se deixavam levar pelos interesses do mercado, inspirados pelos Estados Unidos que não tinham tantos preconceitos elitistas como os Europeus, e, portanto, faziam investimentos em obras de arte, com intuito de valorização futura. Vemos nascer aqui, a figura do Marchand, como o francês Volard, onde a burguesia se deixava levar pelos intermediários desse mercado.
"Os artistas preferidos pelo público têm seu tipo psicológico, como personagens que representam um papel: assumem o de iniciados, gênios inspirados e rebeldes, mas geralmente estão prontos a fazer todas as concessões". pag. 208
Dentro desse perfil destaca-se na França, Rodin - considerado o Michelangelo da "Belle Epoque" e Boldini, o retratista mundano, brilhante, superficial. Na Itália, "Previatti", que assume ares de teórico, de combatente em todas as batalhas progressistas.
Tem, também no Futurismo, Boccioni, Russolo, Carlo Carrá e Aroldo Bonzagni. Na Alemanha Böcklin (alma romântica) e Von Stuck (alma alegre e jovial).
Na Espanha vemos surgir Pablo Picasso que veio a tornar-se um dos maiores artistas do século XX. o autor diz que nunca houve uma cultura figurativa verdadeiramente européia como nas primeiras décadas do século XX.
"O artista-personagem tem uma razão própria de ser: ele encarna a vocação artística que a rica burguesia industrial tem a certeza de possuir, mas ao mesmo tempo de precisar, a contragosto, sacrificar ao imperativo categórico dos negócios!" (pag. 208).
Seria como se a burguesia estivesse delegando aos artistas uma capacidade que eles acreditavam ser deles próprios, mas que não possuíam "tempo" para dedicar-se.
Argan atribui a Klimt (1862-1918) a sensibilidade de transmitir a real situação daquela sociedade que, embora extremamente produtiva no quesito artístico, era também uma sociedade que via morrer o seu lirismo para dar lugar a uma sociedade tecnicista. Segundo ele a obra de Klimt toca nesse ponto nevrálgico de uma situação bem mais ampla européia "a arte como produto de uma civilização agora extinta, e na nova civilização industrial não pode sobreviver senão como sombra ou lembrança de si mesma" (pag. 213).
Cita também Edvard Munch e James Ensor que, ao adentrarem na linguagem impressionista, conseguem aprofundá-la e virem a ser uma grande fonte do Expressionismo Alemão.
O autor vê em Ensor uma crítica severa à sociedade a que pertencia e o classifica como "barroco moderno" sendo a "face escura e sombria da pintura confiante e glorificadora do Modernismo" (pag. 214). Ao analisarmos sua obra "A queda dos anjos rebeldes" (1888), entendemos porque Argan e Mondrian assim o classificam.
"A queda dos anjos rebeldes" - James Ensor (1888)
Alguns artistas deste período, continuam "anulando a distinção entre pintura como representação e pintura decorativa:
"O valor não seria a realidade representada no quadro (objetiva e subjetiva, visual ou imaginária) e, sim o próprio quadro como objeto fabricado e que, portanto, vale pelo que é e não por aquilo com que se parece. Esta será a premissa de que partirão os Fauves e os Cubistas em suas pesquisas sobre a constituição e estrutura intrinseca do quadro". (pag. 216)
A Arte como Expressão
"Literalmente, Expressão é o contrário de Impressão. A impressão é um movimento do exterior para o interior: é a realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). A expressão é um movimento inverso, do interior para o exterior: é o sujeito que por si só imprime o objeto" (pag. 227)
Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.