ARTE MODERNA: DO ILUMINISMO AOS MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS - RESUMO - Parte 3
Preparamos este resumo do Livro de Giulio Argan - Companhia das Letras - 2010, por tratar-se de matéria recorrente aos concursos dos professores de Arte. Aqui, você encontra a parte 1. E aqui, você encontra a parte 2.
URBANISMO
Com o início do sec. XX o autor coloca o "Urbanismo", disciplina que estuda a cidade e seu desenvolvimento, como fator preponderante nas mudanças sociais e políticas, que, aliás, já vinham ocorrendo desde meados do sec. XIX.
"Ela nasceu da necessidade de enfrentar, metodicamente, os graves problemas determinados pela modificação do fenômeno urbano, devido à Revolução Industrial, e pela consequente transformação da estrutura social, da economia e do modo de vida" (pag. 185)
Embora os interesses dos urbanistas que, ideologicamente tinham uma tendência reformadora, não confluiam aos interesses políticos que eram conservadores e elitistas, muita coisa foi feita, principalmente em Paris, como é o caso do plano de reforma do barão Haussmann, administrador de Napoleão III, que construiu um cinturão viário que melhorou o fluxo do trânsito, embora às custas da demolição de vários bairros populares. Essa medida facilitaria, também, às tropas de repressão aos movimentos operários. Aos proprietários de imóveis facilitaria a especulação dos terrenos. Portanto, uma medida que favorecia muito mais as elites que as classes operárias.
Pelos projetos urbanísticos propostos por alguns engenheiros e arquitetos da época, observa-se o florescer de uma ideologia socialista, como nos projetos do inglês Owen e do francês Fourier, que propunham a construção de unidades residenciais para habitação operária, com gestão cooperativa.
"O contraste é então nítido: por parte do poder desejava-se que a cidade, com seus "monumentos" modernos (sempre de péssima arquitetura) e suas perspectivas espetaculares, fossem a imagem da autoridade do Estado. Por parte dos urbanistas, pretendia-se transformar a cidade nova (respeitando na cidade antiga o documento histórico), no ambiente vital da sociedade, uma sociedade integral e orgânica, onde a classe operária fosse considerada não mais como instrumento mecânico da produção e sim como parte da comunidade". (pag. 186).
O autor cita a Holanda como país com o urbanismo mais avançado e democrático do mundo, graças à obra do grande arquiteto Hendrick Petrus Berlage e seus sucessores, e, como tendo sido o primeiro país onde o problema da casa na sociedade industrial foi colocado no plano político, com a lei Woninguet, aprovada pelo parlamento em 1901 e que a manteve até a data da publicação do livro (1992 - vale pesquisar se ainda continua a mesma lei).
O "Art Nouveau"
O autor cita o art nouveau como uma expressão típica do espírito modernista.
"Do ponto de vista sociológico era um fenômeno novo, imponente, complexo, que deveria satisfazer o que se acreditava ser a "necessidade de arte da comunidade inteira"... Pelo modo como se propagou foi uma verdadeira MODA, no sentido e com toda a importância que a moda assume numa sociedade industrial, inclusive em termos econômicos, como fator de obsolescência e substituição dos produtos" (pag. 199)
Atribui a ela algumas características constantes:
1. A temática naturalista (flores e animais)
2. A utilização de motivos icônicos e estilísticos e até tipológicos, derivados da arte japonesa.
3. A morfologia: arabescos lineares e cromáticos> preferência pelos ritmos baseados nas curvas e suas variantes (espirais, volutas, etc..) e na cor, pelos tons frios, pálidos, transparentes, assonantes, formados por zonas planas ou eivadas, irisadas, esfumadas.
4. A recusa da proporção, do equilíbrio simétrico, e a busca por ritmos musicais, com acentuados desenvolvimentos na altura ou largura e andamentos realmente ondulados e sinuosos.
5.O propósito evidente e constante de comunicar por empatia um sentido de agilidade, elasticidade, levez, juventude e otimismo.
A difusãodos traços estilísticos essenciais ao art noveau se dá por meio de revistas de arte e moda, pelo comércio e seu aparato publicitário, das exposições mundiais e espetáculos. (pag. 202).
O homem começa a questionar a "funcionalidade e utilidade da arte" e encontra no art noveau a união do útil e do belo. Este estilo expandiu suas raízes na arquitetura:
Arquitetura Art Nouveau da cidade de Riga - Letônia - direito da imagem depositphotos
Na decoração, como móveis, vasos, escadas, ferragens, vidraçarias
Foto do restaurant de l’hôtel Langham por Yvette Gauthier em flickr
E propiciava unir também a tecnologia e o trabalho do artista, pois a indústria nem sempre estava preparada para atingir aquele grau de espeificidade e necessitava do artista e seu "genio criativo". Mas, nem por isso tornou-se uma arte popular, ao contrário, uma arte de elite, sendo ofertado ao povo seus subprodutos.
Argan atribui o paulatino desaparecimento do art nouveau à "agudização dos conflitos sociais que levam à 1ª Guerra Mundial, desmentindo com os fatos o equívoco utopismo social que lhe servia de base" (pag. 204).
Bibliografia:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.