Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

INTERCAMBIANDO

Blog para falar de Arte, Sustentabilidade, Fazer Amigos pelo mundo, Falar do Cotidiano, Experiências , Sentimentos e Relacionamentos das pessoas comuns...

02.04.22

O lixo nosso de cada dia 2!


Bete do Intercambiando

Continuação deste post

Depois de conversar no portão, por alguns minutos com Dona Margarida sobre suas condições de trabalho, onde ela me relatou que na hora do lanche a cooperativa só oferece o café, e não mais o pãozinho com o café, por conta do aumento que houve no custo do mesmo, eu lhe contei que também trabalho com o lixo, mas de outra forma. Que eu fazia arte com o lixo, e que isso mudou minha vida. Disse-lhe que queria mostrar meu trabalho a ela, pois gostaria de fazer esse trabalho junto aos trabalhadores da cooperativa para oferecer um outro olhar para o lixo.

Agora já um pouco mais confiante em minha pessoa ela me convidou a entrar e eu lhe mostrei dois trabalhos onde utilizei lixo doméstico para realizar. Ela ficou admirada e me perguntou se funcionava (eram duas luminárias feitas com papéis de descarte e embalagem de cândida) e ela quis ligar na tomada para ver.

- Que bonito, mas eu não aprendo nada não! Meu pai mandou eu e meus irmãos pra escola quando éramos crianças, mas eu não aprendi nada não...

- Mas a senhora gosta de coisas que enfeitam sua casa. Estou vendo aquele objeto ali na parede. É bem interessante.

- Ah, eu trouxe lá do lixão.

...E percebi que ali, além daquele enfeite na parede, tinha outros objetos espalhados (bibelôs) que persistiam em não voltar mais para o lixão. E lembrei- me de Fayga.

Embora ela nada tenha criado, como no texto de Fayga, mas teve o cuidado de não deixar ir embora coisas que de alguma forma a tinham encantado, e que de alguma forma agora lhe servia de adorno para sua casa. De alguma forma conecta-a com outra realidade que não é aquela de seu árduo trabalho.

Pensei também no que nos diz Mihaly Csikszentmihalyi em seu livro "Flow" - A Psicologia do alto desempenho e da Felicidade:

"Uma pessoa tem que aprender a fornecer recompensas para ela mesma. Ela tem que desenvolver a capacidade de encontrar prazer e propósito independentemente das circunstâncias externas. Sem prazer, a vida pode ser suportada e pode até ser agradável. Mas pode ser tão precária, dependendo da sorte e da cooperação do ambiente externo. Para ganhar controle pessoal sobre a qualidade da experiência, no entanto, é preciso aprender a construir o prazer dia após dia".

09_2021.jpeg 

A peça que levei para mostrar para dona Margarida.

Continua aqui