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INTERCAMBIANDO

Blog para falar de Arte, Sustentabilidade, Fazer Amigos pelo mundo, Falar do Cotidiano, Experiências , Sentimentos e Relacionamentos das pessoas comuns...

04.04.20

Ouvidos Musicais


gicapensando

Estou lendo um livro do Goleman no qual ele, em seu estudo sobre inteligência social, a todo instante se refere às pesquisas atuais sobre os avanços tecnológicos e não mais apenas nas observações e suposições como se fazia antigamente. Um dos recursos mais utilizados hoje em dia é a tal da ressonância magnética e é aqui que começa a minha história. Sobre o livro do Daniel Goleman farei outro post.

Em 2011 tive a infelicidade de aos 31 anos descobrir que tenho um problema degenerativo. Em decorrência desse "probleminha" eu precisei fazer inúmeros exames, fisioterapia, consultas periódicas e muitas, muitas ressonâncias magnéticas.

Em 2015 passei 10 dias internada sem conseguir andar sentindo muitas dores e completamente dopada pelos remédios fortíssimos para dor, foi quando me enfiaram em uma dessas máquinas pela centésima vez... Até aí nenhuma novidade. O enfermeiro, muito gentil, disse:

- Vamos te colocar aqui deitadinha por 15 minutos, por favor, não se mexa mas se você se sentir mal aperte essa campainha que vou colocar na tua mão. - um fofo falando "deitadinha"!

- Conheço o procedimento, meu jovem, vamos acabar logo com isso. - porque o meu humor não estava lá grande coisa.

Eu realmente estava acostumada àquilo e sempre me dava uma certa falta de ar entrar naquele cilindro claustrofóbico, com um suporte duro que me abraçava toda a coluna e um tipo de capacete que era para deixar as vértebras alinhadas ou o mais alinhadas possível.

O exame começou e de repente percebi que o barulho da máquina tinha ritmo e eu que, não toco nada mas me considero um ser musical, passei a prestar atenção naquelas batidas as vezes um pouco fora de compasso, mas no fundo, nem que por uma fração de segundo, havia ritmo. Pensei:

- Que música? Que música? - e isso foi me aborrecendo porque odeio...espera...O-D-E-I-O não lembrar das coisas e os meus pensamentos estavam prejudicados pela quantidade de remédio para dor.

Quando de repente me vem na velocidade da luz a bendita música: Last Nite da banda novaiorquina The Strokes, ano 2001. Devo dizer-lhes que minhas memórias de vida estão intrinsecamente ligadas às musicas.

Comecei a rir por ter conseguido associar uma música àquele som metalizado da máquina de ressonância, dopada e "viajando", pra lá de Bagdá é o que dizem? Eu não podia me mexer e esse fato me fazia rir mais - a música, dopada, viajando - não toquei a campainha porque não era o caso, eu não estava passando mal, no entanto só escuto o médico dizendo:

- Ela tá tendo convulsão, ela tá tendo convulsão!!

E a correria se instaurou para dentro da sala de exame. Me tiraram do cilindro e eu saio "linda" com cara satisfeita de ter terminado o exame e ainda feito uma belíssima associação musical tornando aqueles 15 minutos toleráveis. Todos estavam assustados e eu continuei rindo.

- Achamos que a senhora estava tendo uma convulsão. - disse o enfermeiro - Teremos que começar o exame novamente, por favor, não se mexa.

E lá fui eu novamente ouvir Last Nite. Ouça os primeiros 25 segundos da música e tenha ideia do barulho da máquina de ressonância magnética:

 

Quem já fez esse exame conhece o barulho mas talvez nunca tenha feito essa associação, mas agora, caro leitor, seus exames nunca mais serão os mesmos.

strokes.jpg

 

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