Ser Professor no Brasil
Ser professor no Brasil é perder a própria alma!
Digo isso com dor no coração porque amo ser professora de arte...
Quando iniciei esse blog em 2010, ainda não era. Apenas gostava de escrever. E este blog motivou-me a querer ser melhor, escrever melhor, me comunicar melhor, e como sempre tinha acalentado fazer uma faculdade (faltou-me a oportunidade lá atrás, quando saí do Ensino Médio), lá fui eu para a Faculdade de Licenciatura em Arte... Amei tanto que deixei minha antiga profissão e resolvi entrar para a Educação. Comecei com pouquinhas aulas, mas elas não me mantinham financeiramente. E, assim fui aumentando o número de aulas, e à medida que aumentava, percebia que cada vez tinha menos tempo para ler, escrever, viver!
Epa, mas per'aí! Essas não são as habilidades essenciais para um professor?
Não aqui no Brasil! Acredito que em todo lugar do mundo os professores têm um tempo "remunerado" para seus estudos. Aqui, até tentou-se com as Escolas de Tempo Integral, mas, a cada novo secretário da educação que era nomeado, diminuia-se professores e menos tempo sobrava para os estudos. A rotina desses professores que já era exaustiva (8 horas diárias na escola, que se transformam em 10 se for contar o horário do almoço que é impossível deixar a escola, mais meia hora de transito para ir e voltar), virou um turbilhão de afazeres, sem horários na escola para fazê-los, o que resulta em levar serviço para casa. Ou seja: Não temos mais vida particular. Não temos tempo para uma leitura, para uma escrita, para um devaneio... E o que é a vida sem um devaneio?
Já em 1995 Domenico di Masi, alertava para a necessidade do Ócio Criativo... Parecia que vinha ali uma nova era. Muitas pessoas aderiram a movimentos como o Cittáslow, muitas aderiram ao Home Office, mas, o que temos visto nos últimos anos é uma servidão voluntária dos vários segmentos profissionais, entre eles o do professorado do Estado de São Paulo (fecho a questão no Estado de São Paulo, porque é a que conheço).
Não entrarei aqui nas questões políticas e polêmicas de tudo isso.
É apenas um desabafo e uma dor por não mais poder fazer uma leitura, por não mais ter tempo para criar, pintar, escrever, ser feliz.
Obra de Marc Chagal, "Promenade" 1917. Chagal fez essa obra para sua esposa Bela, mas, acredito que retrata muito bem esse nosso assunto